Comunidade ucraniana em São Paulo

Uma apresentação cuidadosamente preparada por Nada Kuchar Ilnicki contando um pouco sobre a trajetória e atividades dos ucranianos em São Paulo.

 

Texto elaborado e redigido por Nadia Kuchar Ilnicki.

 

As observações [entre colchetes] são de Olga Samila, que transcreveu para o computador o texto escrito à mão. [Vale ressaltar que muitos dos nomes e sobrenomes aqui grafados foram escritos como se fala ou como se falava na época.]  

 

Agosto, 2017

 

RELATO HISTÓRICO

(da comunidade ucraniana em São Paulo)

 

No ano passado, por ocasião do almoço de independência [almoço comemorativo da independência da Ucrânia, realizado no dia 4 de setembro de 2016 na Sociedade Ucraniano-Brasileira Unificação], foram homenageadas várias pessoas colaboradoras e participantes da vida da Sociedade Ucraniana em São Paulo.

 

Infelizmente, não pude participar e, portanto, não tive como agradecer a homenagem recebida. Pensei muito e resolvi, como agradecimento, fazer um RELATO.

 

Não se trata de um estudo histórico, mas simplesmente um relato do que ainda minha memória me permite alcançar. Desde já peço desculpas se vou omitir algum fato ou nomes, que você podem [a qualquer momento] complementar. Mas como estou frisando é apenas um relato da vida dos ucranianos em São Paulo, junto à Sociedade Ucraniana.

 

Resolvi fazê-lo para que os mais velhos possam recordar algumas coisas e revelar aos mais jovens algumas coisas que eles ignoram.

 

Para organizar as ideias, decidi abordar três fases distintas na história da nossa Sociedade:

  1. Época da Rua Perrella (centro de São Caetano do Sul)
  2. Época da Rua Pernambuco (centro de São Caetano do Sul) e
  3. Época da sede atual: Rua Mariano Pamplona (bairro da Fundação, São Caetano do Sul.

 

  1. ÉPOCA DA RUA PERRELLA (cerca de 1953)

 

Obs.: Não sei relatar sobre as reuniões [que aconteciam antes dessa época] numa sede original na Vila Alpina (São Paulo).

 

Nesse período, cabe-nos destacar os nomes da “Velha Guarda” do Sobornisht, como eram chamados [Соборність, como era conhecida então a Sociedade Ucraniana, que em tradução livre pode ser União ou Unidade ou ainda Unificação].

 

Presidente Vitskey, Professor Dniprovey, pintor Vatsek, Professor Burka, Stefaneshen, Ianowsky [ou Janowsky?], Sheremeta, Arquiteto Netshetailo (pai da Sra. Halina Ivanotchko), Dr. Konetcha, Ivan Heiko, Wolynetch (pai).

 

[Deixo uma observação: todos os nomes e sobrenomes em todo o texto estão grafados conforme eram falados.]

 

As reuniões de diretoria eram feitas em uma sede na Vila Alpina e o salão da Rua Perrella era alugado para as atividades sociais.

 

Inesquecíveis para quem participou das noites festivas, quase sempre com apresentação de peças de teatro dirigidas pelo Sr. Moroz e mais tarde pelo padre Petruk (da igreja ortodoxa). Após o teatro, o baile seguia até o amanhecer.

 

Ensaios e akademias [академія, em ucraniano, que tem, entre outros significados, o de ser um evento solene] eram feitos também na Rua Santa Catarina (São Caetano do Sul). Nessa ocasião, a comunidade católica rezava missas na igreja da Fundação, em frente à atual sede da Sociedade e na qual eu fui batizada pelo padre Josef Skulsky, que era o pároco na época.

 

Tempos difíceis, a adaptação na nova vida de imigrantes exigia sacrifícios: aprender a língua Portuguesa, aprender novos ofícios para garantir algum emprego, já que a maioria teve que passar um período na cultura do café para “pagar a viagem” para o Brasil.

 

Mas nossos representantes eram firmes e unidos e então resolveram que, por haver muitos jovens e crianças, eles poderiam representar a cultura ucraniana através das danças folclóricas.

 

O que foi feito, então????

 

Eles decidiram e convocaram duas professoras de danças que vieram do Paraná: Nadia e Ana.

 

Mediante um salário e acomodações, vieram para São Paulo e organizaram uma estrutura de ensaios. Havia turmas pela manhã, à tarde e à noite (aos mais velhos, que já trabalhavam). O salão da Rua Perrella ficou tomado por nossas atividades. Foram criados grupos especiais aos sábados e domingos para aqueles que moravam longe (Vila dos Remédios, Pirituba, Carapicuíba, Santo Amaro e outros lugares). A professora Ana tinha uma constituição física mais leve e ficou encarregada principalmente dos passos masculinos (não é fácil fazer prechitka, né?) [присядка, ou prysyadka, movimento de dança normalmente executado pelos rapazes, que deriva da palavra присяди, ou prysyady – que por sua vez significa “sente-se”. O movimento lembra exatamente o ato de se sentar].

 

[Imagem obtida in: http://narodni.com.ua/unt/присядки]

 

ESSE FOI O INÍCIO DO NOSSO GRUPO FOLCLÓRICO (pelas fotos da ocasião, cerca de 200 participantes).

 

Em paralelo, não podemos nos esquecer do nosso time de vôlei: DNIPRÓ (cerca de 1955/1956). Nomes destacados: Stefan Wolynec, João Kosimenko, Josef Podolan, Iaskir [ou Jaskir?], Tkatch, Evhen Koroliuk, Wasyl Hwozdyk, Josef Ilnicki, Kochanskyj, Washtshack e Slauko Trus.

 

Nossos rapazes disputavam torneios e campeonatos com times poderosos que tinham fortes patrocinadores.

 

Mas nossa torcida era mais forte pois inúmeras vezes ouvi relatos sobre as esposas que ficam na arquibancada com o rolo de macarrão (MAKOHIN) [макогін] na mão gritando:

 

“Se vocês perderem não vão comer nem BORSCHT, nem PEROHÊ por um mês!”

 

[Imagem in https://uk.wikipedia.org/wiki/макогін].

 

[Borscht, Борщ – tradicional sopa de beterraba; veja em http://minhaucrania.com.br/2017/04/26/borscht/]

 

[Perohê ou Varenyky – варeники em ucraniano – sendo que a segunda forma é mais conhecida e reconhecida entre os ucranianos já que a primeira forma é mais conhecida entre poloneses e outras nacionalidades eslavas. É o tradicional pastelzinho de massa recheado e cozido. Daí deriva o nome Varenyky: do verbo varyty ou seja, ferver, cozinhar]

 

[Imagem in: http://ukrainian-recipes.com/tag/varenyky]

 

Já na década de 1960 (não sei precisar o ano) foi adquirida uma casa na Rua Pernambuco [em São Caetano do Sul]. Foi reformada para poder abrigar nossa sede. Os quartos e a sala deram origem a um amplo salão, ficando no centro uma copa/cozinha e mais atrás dois sanitários.

 

  1. ÉPOCA DA RUA PERNAMBUCO

 

Na nova sede precisamos relembrar das seguintes atividades:

  • akademias;
  • bailes;
  • almoços;
  • ensaios e apresentações de danças folclóricas;
  • festa infantil de natal;
  • programa de rádio

 

A sede nova não era grande; montou-se um pequeno palco para as apresentações, com cortina de correr improvisada em um fio que durou por muitos anos…

 

Quando havia necessidade de espaço maior, contratava-se o teatro Tijucussu (na Av. Goiás, em São Caetano do Sul).

 

No decorrer dos anos é claro que não se manteve um número grande de participantes do grupo folclórico. As professoras, que tinham previsão de ficarem por aqui por dois ou três anos, acabaram ficando por apenas um ano.

 

No coral ucraniano, nomes devem ser mencionados: Demetrio Bailuk, Michel Danilowski, Bowkut, Liubomir Senkiv, Teodoro Tatchuk [ou Iatchuk?], Josef Ivanotcho, Wolodymir Chomen, Petro Rybka, Petro Kravtsun, Paulo Petrenko e outros.

 

No início, a regência do coral era do Evhen Koroliuk e com a ida dele para os Estados Unidos (no final da década de 1950), a regência ficou aos cuidados do Sr. Emilian Czuczman, que perdurou por muitos anos. Destaco a dedicação do meu pai, Ivan Kuchar, nas akademias, com as faixas das datas comemorativas e outras inscrições, como por exemplo: “Слава Україні, героям слава” (Glória à Ucrânia, glória aos heróis).

 

Das vozes femininas não podemos nos esquecer de Maria Podolan, Tamara Kosimenko, Natasha Petrenko, Olga Konovalenko, Lucia Szymanskyj, Catarina Hwozdyk, Maria Gubar, Maria Koza, Maria Hryszczak, Irene Czuczman, Maria Fesh, Lessia Sokolenko, Varvara Kryvochieiv, Lidia Bekisz e Sonia Greluk.

 

Em meados da década de 1960 (cerca de 1963, 1964 e 1965) o grupo folclórico se resumia a apresentações das akademias maiores (como a de Taras Shevchenko e apresentações no Colégio Coração de Jesus) com participações de Halia Pawlutchkowitch, Slauko Czuiko, Wasyl Betsek, Bohdan Czuiko, Mariucia Kuchar e eu. Por várias vezes a apresentação se resumia à dupla Halia e Nadia (eu!) que fazia às vezes do rapaz. E tinha que fazer as prechitkas – não era fácil!!!!

 

Os bailes na Sociedade eram organizadas com tarefas específicas para cada um executar. Lembro de algumas:

  • encomenda de bebidas – cerveja e refrigerante – Nikola Greluk
  • pão – Sr. Pawlutchkowicz (pai)
  • pepinos em conserva e sardinhas [огірки ou малосольні огірки, pepinos ou pepinos em conserva; оселедець, sardinhas em conserva]: a quem se habilitasse
  • cachorro quente – minha mãe (Stefania Kuchar) e Maria Pawlutchkowicz
  • pernil – Marsha Danilowski

 

O apoio de todas as participantes da Liga Feminina era muito importante na realização desses bailes que eram feitos a cada dois meses, nas matinês, sempre aos domingos à tarde e se estendiam até à noite.

 

Vale lembrar que nessa época eram raras as famílias que possuíam carros. Quase tudo era carregado em sacolas de feira e sem reclamações. Tudo se repetia e repetia…. para criar um fundo de reserva com foco para uma futura sede maior.

 

Nos almoços de meio de ano e final de ano (Sviatchene) [Свячене] todos se cotizavam; as senhoras se organizavam para o preparo dos pratos e alguns só eram aquecidos pois as instalações eram pequenas.

 

Poucos vão se lembrar de que já tivemos um programa de rádio aos domingos à tarde, em uma emissora da qual não me recordo do nome ou da frequência. Era um programa comandado pelo Sr. Miguel Dziura e com a colaboração de Volodymir Skulski. Havia música ucraniana e entrevistas com destaques da comunidade como o padre João Malanyak e o professor Bilenskyj.

 

Nas festas infantis de natal (organizadas por minha mãe Stefania Kuchar em conjunto com Marsha Danilowski e Maria Pawlutchkowitz) eram distribuídas sacolinhas para crianças inscritas que recebiam pequenos brinquedos comprados na R. 25 de Março e algumas guloseimas. Para meninas maiores, às vezes tecido e linha de bordar para incentivar o gosto pelo bordado em ponto cruz. Demoramos alguns anos para descobrir quem era nosso Papai Noel: Iuzek Kosimenko, irmão do Sr. Miguel Kosimenko.

 

Ainda nessa fase, convém destacar a emissão de um jornal, redigido e editado por Pawlo Evtuchenko que esteve em circulação durante anos.

 

Já na década de 1960, quase no final, foi marcante a presença do Sr. Stefan Samila que veio para São Paulo com a família (D. Nathalia e os filhos Olga e Carlos). Ele se ofereceu para reerguer as danças folclóricas e organizou ensaios, apresentações e várias danças, sendo que alguma se mantêm até hoje como Katerenka e Hretchaneke. As coreografias que ele criou foram mantidas por décadas. Destaques desta época como solistas: Esquerdinha (Slauko Czuiko) e Vera Danilowski, eu e Wasyl Betsek, e João Szykman. A parte musical era coordenada por Waldermar Czuczman, que levava sua “sanfona” para todo lado. Mais tarde foram incorporados o pandeiro e a bateria.

 

Como eu havia dito, quase tudo era carregado nas sacolas de feira (grandes, feitas de lona), mesmo nas apresentações como no Canal 9, na Gincana Kibon, do Canal 7 e nos primeiros anos do Festival de Folclore na Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa. Muitas foram as nossas apresentações na Gincana Kibon pelo simples fato de representarmos nossa cultura. Não éramos remunerados; às vezes ganhávamos uma caixa com pirulitos da Kibon. E era uma disputa e tanto por eles. E sempre estávamos acompanhados por Waldemar Czuczman e sua sanfona, em parceria com Bohdan Czuiko que ajudava no pandeiro.

 

No finalzinho da década de 1960 surgiram novas ideias. Meu pai Ivan Kuchar e Michel Danilowski – respectivamente secretário e presidente da Sociedade por 16 anos consecutivos – começaram a insuflar a ideia de ver um lugar maior para a sede da Sociedade. Me lembro, por várias vezes, quando o Sr. Danilowski falava ao meu pai:

  • Treba bilchei mistse dlia dite! [Треба більший місце для діти!]
  • Precisamos de espaço maior para as crianças!

 

Sonhavam eles em comprar um lugar que permitisse ter, além da sede social, uma possibilidade de, no futuro, adquirir imóveis contíguos para fazer quadras esportivas e recriar um time esportivo forte como antigamente.

 

Infelizmente, apenas parte desse sonho se realizou.

 

A escolha do novo lugar foi cuidadosa. Lembro de um imóvel na esquina da Rua Baía Grande com a Rua da Capelinha, mas o presidente Danilowski disse:

  • Não! Tem que ser no meio das comunidades. Se colocarmos lá a nossa sede, o pessoal das igrejas ortodoxas vai dizer que foi decidido por causa da proximidade da igreja católica!

 

Continuaram as buscas. Wasyl Czuiko (pai) sempre ia selecionando algum imóvel para ser visitado. Até que chegaram no imóvel da Rua Mariano Pamplona. As casas velhas foram demolidas e foi iniciada a construção da nova sede. E sempre observando as casas velhas vizinhas para estudar a possibilidade de instalar as quadras esportivas.

 

Muito trabalho continuava a ser solicitado por todos os lados.

  • Burocracia: a papelada sempre ficava aos cuidados de Czuiko (Prefeitura, IPTU, Bombeiros e outros)
  • Zeladoria: Wasyl Kuzda foi zelador do patrimônio por muitos anos. Ele sempre prometia para a família que não iria se afobar para sair correndo atrás das coisas da Sociedade. Mas mal acabava de falar, colocava seu chapéu e lá ia, ladeira abaixo (Rua Baía Grande), socorrer a areia que iam descarregar para a chuva que estava chegando não levar.

 

Todos se uniam nas tarefas apesar dos pedreiros contratados. Na hora da cobertura e das instalações elétricas muitos foram os que vieram prestar ajuda: Bailuk, Hwozdyk, Stefan Kuziv, Petro Hruszczak, Anton Yaroschtchuk, Markowsky, Harkavenko, Paulo Petrenko, Wasyl Szykman, Petro Rybka, Nikola Greluk, Jorge Greluk, família Choptiak, Miguel Kosimenko, Bekisz (pai e filho), Slauko Bekisz, Michailo Hubar, Weneshtchuk, Hrycewicz, Michailo Fesh, Atamanczuk, Yosef Halushuk, Liubthecnko, Zaiatsh (pai do André Zajac), Lutski, Lepki, Pienky, Dzega, Washtchak, Roman Nalevaiko, Ivan Lesiv, Petro Kravtsun, Ivan Kravtsun, Andrey Zemtchak, Engenheiro Ivanochko, Oleg Szymanskyj, Witchemenchen, Dorko Wolynec, Stefan Wolynec e muitos outros.

 

  1. ÉPOCA DA SEDE ATUAL: RUA MARIANO PAMPLONA

 

Com a nova sede construída, as atividades deram continuidade:

  • grupo folclórico (comandado por Stefan Samila)
  • akademias
  • bailes ucranianos e bailes com bandas contratadas
  • almoços
  • baile de Réveillon

 

Primeiramente havia a necessidade de renovação do estatuto. As sociedades de outras etnias já haviam permitido a participação de descendentes brasileiros para assumir cargos administrativos. O Sr. Volodymir Skulsky providenciou todas as alterações necessárias (com revisão do Sr. Miguel Dziura), passando, a partir de então, a se denominar

 

SOCIEDADE UCRANIANO BRASILEIRA UNIFICAÇÃO

 

com Michel Danilowski como presidente e eu, Nadia Kuchar, como secretária em língua portuguesa (pela primeira vez uma descendente brasileira assumindo cargo na diretoria).

 

Solicitamos a cooperação do Sr. Wasyl Czuiko pela ajuda com os trâmites burocráticos junto à Prefeitura e liberação no Corpo de Bombeiros.

 

[aqui um foto antiga, da inauguração extra-oficial da atual sede da sociedade. Havia o palco, paredes e não havia teto ainda. Mas já se faziam apresentações e eventos para angariar fundos para dar continuidade aos trabalhos. Mais uma possibilidade para tentar encontrar pessoas conhecidas ou se reconhecer por aqui…]

 

Após alguns anos tive a honra de servir como secretária na gestão do presidente Oleg Szymanskyj, cuja postura e discernimento muito me ensinaram na conduta dos assuntos da Sociedade.

 

Nas akademias ficaram inesquecíveis as traduções de textos e poesias pelas irmãs Lidia e Nadia Dniprovey, assim como as poesias decoradas e declamadas pelo Sr. Demetrio Bailuk, além das canções soladas por Olga Konovalenko, Maria Podolan, Natasha Petrenko, Tamara Kosimenko, Slauko Bekisz, Waldemar Czuczman e Sr. Emilio Czuczuman.

 

Nos almoços (sempre com grande número de participantes), além das senhoras da Liga Feminina, nomes de grandes colaboradores que se vieram a se agregar à comunidade e muito fizeram para terem seus nomes gravados neste relato: Penke Kosimenko, Isaura Lesiv, Vera Kuzda, Eurídes Hrycewicz, Luiz Antoio Guerra e Douglas Martinucci. Não são e não eram de origem ucraniana mas abraçaram nossa cultura, nosso idioma e nossas tradições.

 

Em clima de brincadeira surgiu, nesta época, o jornalzinho “O BOLETIM”, datilografado em máquina de escrever Olivetti e afixado no mural, com brincadeiras e comentários sobre os jovens do grupo ucraniano.

 

Destacamos também um largo período de gravações (filmagens) por Marian Hrycewicz de todos os almoços, festas, apresentações do grupo folclórico e akademias. É um farto material a ser preservado.

 

Com relação aos bailes, inicialmente promovidos apenas para as famílias ucranianas, foram posteriormente estendidos para jovens que eram convidados.

 

[aqui uma foto, gentilmente enviada por Ana Halushuk, exibindo a elegância e o charme dos jovens ucranianos, muitos deles ainda em atividade nos dias de hoje; vale um pequeno exercício para tentar reconhecer todos eles…]

Waldemar Czuczman era o responsável pela parte musical que era intercalada com gravações e discos para mixar. Aos poucos se percebeu que havia bom lucro com os bailes e o Sr. Presidente Michel Danilowski e a comissão da diretoria autorizaram a contratação de bandas famosas da época para tocarem nos bailes. Visava-se fazer caixa para futuramente adquirir um imóvel para as quadras.

 

Mas, de repente, fomos surpreendidos com a notícia de que o professor Stefan Samila iria se instalar em Betim [Ipatinga], Minas Gerais, com a família, face a possibilidade de emprego por lá.

 

Ficamos órfãos por um período.

 

Foi convidado, então, Wasyl Betsek para coordenar e dar prosseguimento aos ensinamento do Prof. Samila. O resultado foi satisfatório, mas após alguns anos ele também resolver se afastar por problemas familiares.

 

Bohdan Czuiko, Eugenio Danilowski, Mariucha Kuchar e eu tentamos assumir e dar continuidade a algumas danças folclóricas. Fizemos pesquisas e elaboramos desenho de modelo de colete do traje hutsul [trajes tradicionais da região da Hutsulschyna, nos Cárpatos; in: https://tsefolk.facileme.com.br/catalogo/camisetas/camiseta-hutsul].

 

Conseguimos fazer os Kozushke (coletes) e com um grupo de hippies conseguimos a confecção dos sapatos (letcheke) [postoly].

 

 

 

[in: http://green-ukraine.com/hutsul-national-dress]

 

Também elaboramos a entrada do pão e do sal com as duas fileiras de moças levando os rushnekê bordados.

 

Passamos por um período de apatia e sem apresentações. Quando Jorge Rybka assume a coordenação do grupo folclórico, reacende a motivação e a dedicação nas danças.

 

Sob a gestão do Presidente Oleg Szymanskyj participamos por três anos nas Olimpíadas dos Imigrantes.

 

Bogdan Ilnicki, Slauko Czuiko e Stefan Hruszczak, como diretores esportivos, incentivaram e organizaram a confecção de trajes esportivos além dos agasalhos para os torcedores.

[na foto, o time de futebol de salão que fez bonito nas Olimpíadas dos Imigrantes, com a torcida ao fundo]

 

Participamos em várias modalidades esportivas e pudemos contar com o reforço dos irmãos de Rudge Ramos, da família Zemczak (Waldomyro, André, Basílio e João), bem como de Miguel Atamanczuk, André Kuchar, André Zaitsh, Jorge Rybka, João Szykman, Waldemar Czuczman, Vladio Svehun (Pezão), Stefan Fesh (Segundinho), Slauko Kuzda, Miroslau Pawlutchkowicz, Eugênio Danilowski, irmãos Kosimenko (Eugenio e Vladio) e muitos outros.

 

Além das várias modalidades esportivas, tivemos também, nas edições das Olimpíadas dos Imigrantes [edições que foram realizadas no Prédio da Bienal do Parque do Ibirapuera], representação cultural, com foco em artesanato e culinária, além de participação na eleição de princesa e rainha que eram representadas por cada país participante. Fomos bem agraciados com títulos de rainha em uma das edições [Marcia Rybka] e de princesa em outra das edições [Tatiana Dniprovey Szymankyj].

Foi nessa época que Marcia e Jorge se aproximaram e formaram um casal que muito se desdobra para representar e participar das atividades culturais ucranianas.

 

Na questão do artesanato não poderia deixar de mencionar as obras de porcelana e vidro executadas por Maru Kuziv Martinucci, os bordados da família Szymanskyj e os perohês ou varenekes de Irene Czuczman e Maria Fedorechen Guerra, que nos representaram nas Olimpíadas e em muitas outras ocasiões.

 

A continuidade na participação do Festival do Folclore, as inúmeras apresentações e a grande participação infantil recai hoje nos principais pilares: Jorge Rybka, Waldemar Czuczman, Marcia Rybka e o novo talento, Danilo Zajac.

 

A todos aqui citados e outros possivelmente omiti, permito dirigir a nossa HOMENAGEM, com uma grande salva de palmas!!!!

 

Obrigada.

 

Naria Kuchar Ilnicki.

 

7 comentários em “Comunidade ucraniana em São Paulo

  • 05/04/2019 em 06:42
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    Ótima obra de arte! Muito obrigado aos seus autores e artistas. Aplaudir !! :))

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    • 06/05/2019 em 18:52
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      Agradecemos! Fazemos tudo – sempre – por amor à Ucrânia. Continue prestigiando nosso site. Abraço

      Resposta
  • 03/05/2019 em 19:49
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    Fico muito feliz por ter lido esse resumo da história da comunidade ucraniana de São Caetano. Foi emocionante ler nomes e fotos de pessoas que conheci.
    Muito obrigado e parabéns,Naria Kuchar pela dedicação de ter escrito este trabalho.
    Parabéns a todas essas pessoas por terem-se dedicado a manter as ricas e lindas tradições ucranianas.
    Meu pai também dedicou-se a comunidade.
    Eu também dancei e aprendi com o dedicado professor Samyla.
    Bogdan Igor Holovko

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    • 06/05/2019 em 18:51
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      Maravilha ver você por aqui! Gostaria, imensamente, de vê-lo pessoalmente e – quem sabe – relembrar algumas passagens da nossa comunidade e tentar resgatar alguns registros. Abraço. Olga Samila

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  • 13/05/2019 em 08:07
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    O Brasil é uma grande Nação graças à diversidade cultural e étnica. Recebemos dos imigrantes a cultura, os bons costumes, valores morais; recebemos conhecimento e tecnologia. Os estados que receberam esta forte influência são hoje os mais desenvolvidos. É uma pena que boa parte dos brasileiros não conhecem essas histórias. Não somos somente o país do samba e carnaval; somos também um país de imigrantes. Sou descendente de Estonianos. Parabéns pelo relato e esforço em manterem viva a cultura de um país e um povo tão belo como os Ucranianos.

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  • 29/07/2019 em 23:53
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    Muito bom! Sou de São Caetano fui somente quando criança! Tem o o contato de la ? Ficaria muito feliz!

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  • 07/08/2019 em 21:11
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    Muito bom esse relato. Minha família também faz parte dessa história.

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