Pão e sal, tradição ucraniana de boas vindas
Na Ucrânia é tradição receber amigos e convidados com pão e sal. Como na Exposição Correios. Saiba mais.

Símbolo da vida, o pão é muito respeitado por todos os ucranianos desde tempos ancestrais e usado para abençoar os casamentos, parabenizar os recém-nascidos, receber convidados e até mesmo em festas de inauguração, confraternização e outras mais, inclusive em eventos folclóricos, que exaltam esse costume.

De tradição milenar, o costume de oferecer pão e sal data da era pagã, em que o pão lembrava o deus do sol, e o sal (raro na época), era a oferenda a esse deus. Com a chegada do cristianismo, a tradição foi incorporada e seu significado mudou, passando a representar a valorização da vida e do sabor de viver e simbolizar a riqueza e a fertilidade das terras ucranianas. Antigamente, o próprio preparo do pão era um ritual e as receitas eram passadas de mãe para filha. Além da farinha de trigo, obtida depois de muito trabalho e, portanto, considerada sagrada, eram utilizadas ou adicionadas outras farinhas como as de centeio, cevada, trigo sarraceno ou milho e até mesmo com adição de batatas trituradas. Os pães eram assados em fornos a lenha. O sal, que é o tempero do alimento, o sabor da vida, era originariamente trazido do Mar Negro pelos mercadores (os Tchumakê).
Cada pedacinho de pão era aproveitado pois era considerado uma dádiva de Deus. Por isso os homens não comiam pão com a cabeça coberta e não se podia brigar, gritar ou praguejar quando estivessem comendo pão. Nada se perdia nem se jogava fora. Até as migalhas eram guardadas e depois dadas aos pássaros ou acrescentadas ao alimento dos animais. Do pão benzido, as migalhas eram recolhidas para ninguém pisasse. E sobre o pão não se podia falar mal: no máximo dizer se estava cru, queimado ou velho.

O plantio e a colheita do trigo, matéria-prima para a farinha do pão, eram também repletos de rituais. Durante o plantio era comum sempre ter por perto um rushnek. Durante a colheita havia sempre uma “batalha” entre os ceifadores. O melhor ceifador, o que tivesse colhido mais trigo, recebia uma coroa de espigas de trigo. O primeiro feixe de trigo da colheita era estimado e considerado um símbolo da colheita. Era guardado e usado para fazer o pão do casamento, o korovai, um pão redondo e adornado.

O pão redondo com sal, colocado sobre um rushnek (toalha bordada), é considerado como símbolo máximo de hospitalidade, cordialidade e boas-vindas. E até hoje continua a ser o símbolo da paz e da amizade entre as pessoas, combinando seus dois conceitos básicos: o pão como elemento vital, que garante e alimenta a vida, e o sal, a essência da vida, elemento protetor que mantém a estabilidade de todas as coisas.

Pão e sal são considerados eternos. O pão continua sendo pão no calor, no frio e mesmo com o passar do tempo – fica seco e velho mas continua sendo pão. O sal não se perde; mesmo quando dissolvido na água, não desaparece – torna a água salgada, mas continua lá.
Receber pessoas com pão e sal é simbólico. Quando há muitos convidados, cada um deve tirar com a mão uma pequena lasca do pão, passar no sal e comer. Quando é uma pessoa só ou um casal, o pão e o sal são recebidos e guardados para serem degustados mais tarde. E vale saber: geralmente é a mulher (a figura da Mãe) que oferece o pão e sal. Por isso, receber as pessoas com pão e sal significa respeito pelo que elas são e uma oferta de amizade duradoura e paz eterna.

Essa é uma tradição que se perpetua e está presente até hoje na vida dos ucranianos, seja na Ucrânia, seja em qualquer lugar do planeta onde existam ucranianos e descendentes, que preservam essa linda cultura.
Fontes:
http://www.ucraniano.com.br/curiosidades.html
https://www.facebook.com/tsefolk/photos/a.426634647430437/1486146418145916/?type=1&theater